terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

estudo ano III- CORRIDA NO DESERTO-processo...

Por Gabriela Saiani
Existem questões postas e o fantasma da criação de uma linguagem soprando no ouvido de todos.
Quanto à urgência: IDEIAS-algumas possíveis apenas em um teatro de fomento, mas ainda assim é um instrumento de realização: ter a ideia inviável e encaixá-la no viável. Cena feita numa piscina de acrílico, com água entrando e assim a urgência e, mais do que isso, a sobrevivência é vivida pelos “atores afogados” e o desespero doado às personagens. Pela inviabilidade reduzimos o recipiente, pensamos em uma pessoa imersa em água, ou areia, ou moedas. Por ora, ainda assim, inviável.
E o deserto?
Rondados pela busca da linguagem.
Do micro para o macro (ou do macro para o micro)-da maquete para a cena. Como mostrar o tamanho do deserto e da expedição cruzando-o? Reduzindo: os dedos de um ator são essas figuras do texto caminhando por um pequeno deserto de areia.
Areia¿ Podemos ir mais longe na significação dos objetos para contar essa estória. E surge a almofada com os dedos caminhando sobre ela: eles afundam, se perdem e para atravessá-la percorrem um longo caminho.
Com a luz sob essa lâmina microscópica começa a ação da cena. Os dedos representam o guia e o cule, o comerciante aparece posteriormente com o pé de um dos atores pisando nesse micro cenário. Em seguida o guia e o cule também são assumidos por dois outros atores e a cena segue.
A almofada em que os dedos caminham é a maquete. Os atores realizam o restante da cena sob várias almofadas também. A urgência será trabalhada no ensaio seguinte, a partir das ações dos atores em cena.
Sobre a corrida no deserto: associações do comerciante com o Dick Vigarista. Para o ensaio seguinte: vídeo de algum episódio da corrida maluca no deserto. Esse vídeo é a introdução da segunda proposta de cena.
Questões sobre essa proposta: Quando os atores iniciam a cena o que será mais rico e encantatório? Prosseguir nessa linguagem de desenho animado ou fazer mais uma quebra a partir da linguagem realizada pelos atores, e assim ressignificar a cena, dis-situando o espectador a respeito do “tipo de cena que está assistindo”
Palavras da Feral* costuram, problematizam e recheiam a qualidade da nossa criação de signos e sentidos nesse ensaio.
* FERAL,Josette-Por uma poética da performatividade: o teatro performativo

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